Segundo notícia publicada esta semana no Expresso, a Jerónimo Martins vai entrar com o grossista Recheio nos minimercados de bairro, sob a marca “Amanhecer”, num modelo semelhante ao já existente com as lojas Ponto Fresco e Elos.
Segundo o diretor-geral do Recheio, trata-se de um acordo de cooperação comercial em que as únicas obrigações para os detentores dos minimercados serão a aquisição da maior parte dos produtos ao Recheio (a preços mais baixos do que os praticados com os clientes não-aderentes), além da utilização dos materiais de decoração das lojas escolhidos pelo grupo Jerónimo Martins. Em contrapartida, o Recheio dá formação, acesso a melhores tarifas de eletricidade e a conhecimentos de gestão operacional de loja.
È nossa opinião que, por um lado, a formação a nível de gestão operacional das lojas pode ser um factor muito positivo para as pequenas lojas associadas, ainda, ao comércio tradicional. Por outro lado, contudo, o novo modelo a implementar pelo grupo Jerónimo Martins pode acabar, de vez, com o comércio tradicional, incapaz de cumprir obrigações de aquisição exclusiva a um único grupo económico. O designado “acordo de cooperação comercial” acabará, assim, por se traduzir numa dependência económica do comércio tradicional face a um gigante económico colocando em causa a livre concorrência no mercado.
Os minimercados de bairro não serão, pois, mais do que mini hipermercados de bairro.
O que poderá ser muito gravoso.
Fonte: Jornal Expresso
Sílvia Ferreira
Advogada
Gabinete de Advogados António Vilar e Associados
antoniovilar@antoniovilar.pt
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